Sai um 2017 para a mesa do fundo!
15-01-2017 21:00
Antes de mais, aproveito desejar a todos os leitores d’A Voz dos Jovens um ano repleto de sucessos. De 2016, ficam boas e más memórias, como sempre. Porém, muitas gerações consideram que o ano que acabou ficou marcado pelo fim de um ciclo, de uma era, dado o acentuado desaparecimento físico de diversas personalidades de relevo nas mais diversas áreas.
Findos esses 366 dias, foi-nos servida em bandeja de prata 2017. Infelizmente, este não começou para os portugueses, para os europeus e para os democratas do mundo de modo diferente: partiu Mário Soares. Resta-me apenas uma palavra: Obrigado!
Esperemos que esta aparente sintonia entre o ano que acabou e o que começa, seja apenas isso, aparente. Porque 2017 tem necessariamente de ser diferente de 2016. É importante que os líderes mundiais saibam pôr fim à sua própria inércia. Esta é sem dúvida a característica comum a todos eles: inércia!
Falta de acção, seja bem entendida, nas crises humanitárias que assolam a humanidade; falta de acção que implode guerras e destrói a Paz; falta de acção na ligação aos cidadãos; falta de acção ao não se colocarem ao serviço dos povos e das comunidades – principal razão para as suas funções;
O ano que passou fica indelevelmente marcado pela incapacidade crescente em construir um mundo mais tolerante, mais justo e equilibrado. Olhando para trás, parece que parámos no tempo e que iniciamos agora uma caminhada de retrocesso. Olho com preocupação para as mudanças globais impostas pelos avanços por nós próprios introduzidos sem a consequente capacidade de analisar os seus próprios impactos sociais. Por todo o mundo continuamos, por vezes, perigosamente a evoluir sem saber dar resposta a essa evolução.
Precisamos por isso de Estadistas, como Soares e alguns da sua geração, capazes de interpretar os erros passados, as circunstâncias do presente e a projecção do futuro. Precisamos, sem dúvida, de visionários que compreendam a crise dos refugiados – não só na Europa – como um problema muito grave de desequilíbrios globais; que entendam a guerra como um passo atrás; que lutem contra o avançar dos extremismos religiosos e políticos.
Precisamos porque a situação atual do mundo constitui uma clara hipoteca do futuro. Não só porque tudo o que fazemos hoje tem um impacto amanhã, mas também na medida em que chegamos aqui num acumular de sucessivos erros que não podem continuar a ser ciclicamente repetidos. O pior que podemos fazer é venerar os nossos erros. É fundamental a manutenção de um futuro digno de alguma esperança.
Seremos, enquanto país, na pessoa do Eng.º António Guterres parte integrante desse processo. Mas, será sobretudo através da nossa voz global, conjunta e impulsionada pela globalização, que nos permite hoje contactar com todo o tipo de povos que pelo mundo pensam da mesma maneira, que devemos continuar a agir de modo a podermos sentir as mudanças que urgem tornar-se realidade.
As exigências para este ano são, nesse sentido, mais elevadas do que nunca. 2017 já chegou à mesa do fundo. Vou prová-lo, na esperança de que corresponda às expectativas.