Quero acreditar que sim!

27-10-2016 21:30

Estamos nos finais de Outubro, as lojas estão repletas de decorações de Halloween e um ou outro Pai Natal adiantado. Através do cinzento céu escoam-se os últimos tímidos raios de sol, brilhando nas poças de água que decoram Lisboa, juntamente com o ocasional buraco na estrada e as tão convencionais obras nas principais artérias citadinas. O Orçamento de Estado foi ratificado e gostava de me debruçar sobre o impacto que este terá sobre o meio ambiente.
 
 O Acordo de Paris foi planeado e aprovado há menos de um ano. Criado no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, tem como como principais metas assegurar que o aumento da temperatura média global seja inferior a 2°C, reduzir as emissões de CO2 e ainda criar mecanismos que incentivem uma redução do consumo de combustíveis fósseis até 2050. Embora represente um marco histórico por ter sido universalmente aceite, o facto de não estabelecer metas objetivas, permitindo que cada nação defina as suas próprias, pode significar um apenas parcial sucesso.
 
   Já o OE2017 vem apresentar um corte 10,5% na despesa do Ministério do Ambiente, sendo o Subsector Entidades Públicas Reclassificadas (EPR) o mais afetado. A maior parcela do orçamento destinado ao Ambiente refere-se ao setor dos Transportes e Comunicações. A estratégia deste Ministério passa pela reabilitação urbana e a promoção da mobilidade nas cidades, assente na utilização de transportes públicos e mobilidade elétrica. O que me parece sensato - pouco objetivo e algo elusivo - mas sensato.
 
 Nada temais lisboetas: tanto o ambiente como a pontualidade dos vossos horários serão assegurados pelo viável sistema de autocarros desatualizados (tão ecofriendly como um derrame de petróleo) e suaves estradas (quem nunca gostou duma boa pista de rally?). Mesmo a situação entre Taxis e Uber devia ser resolvida com a intenção de reduzir o número de automóveis em circulação através da regulação de ambos os serviços. Felizmente, neste caso, o impasse resolveu-se de forma serena e organizada, à boa maneira portuguesa, sem manifestações violentas ou disparates do género.
 
 Mas o futuro ainda se pode afigurar risonho. Portugal tem condições excelentes para a produção de eletricidade por meios renováveis (seja energia eólica ou elétrica) e estão tomadas medidas para aumentar o peso destas mesmas energias de 20,5% para 31% até 2020. A percentagem de resíduos reciclados nunca foi tão alta e a consciencialização da população para o problema ambiental que enfrentamos começa a ser razoável (embora possa ser melhorada).Talvez o Acordo de Paris venha a ser cumprido a nível nacional. Quero acreditar que sim.

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