Que não se branqueie a História

01-12-2016 20:50

No dia 25 de Novembro faleceu uma figura incontornável da história política recente, Fidel Castro. Quer queiramos quer  não, foi uma personagem importante no decorrer do séc. XX e XXI.

Muito se tem discutido sobre o que Fidel Castro representou e defendeu, é importante que neste juízo não se branqueie a história. Fidel Castro libertou Cuba do imperialismo, e a verdade é que a revolução cubana foi um marco de extrema importância para aquele povo, pois havia uma necessidade de mudança .Se Fidel Castro teve esta influência positiva na história de Cuba, temos também o reverso da medalha, depois da revolução, este governou o país durante 49 anos, numa primeira fase como primeiro-ministro e depois como presidente, sem nunca ter legitimidade para o fazer, dado que a democracia cubana é tão expressiva como a democracia da Coreia do Norte. Pior que a falta de legitimidade para governar, foi o resultado da governação, Fidel Castro instaurou um regime semelhante ao que anteriormente derrubou. Não é aceitável que alguém diga que o ex-líder cubano não foi um ditador. A ditadura (socialista/comunista) de Fidel Castro contou com o apoio da União Soviética e fez, efetivamente,  reformas económicas e socias que pretendiam um aumento do desenvolvimento cubano. Não obstante, o produto acabou por ser um estado repressor, que nega os direitos fundamentais dos seus cidadãos, onde a pobreza é visível a grande escala e pior que tudo, não há solução à vista.

Fidel Castro representou uma importante revolução cubana, embora o resultado desse processo tenha sido catastrófica e tenha levado a que Cuba não seja, ainda hoje, um Estado de Direitos Humanos. Embora a revolução cubana tenha sido muito positiva, a negatividade do pós-revolução supera largamente os benefícios da revolução.  Quero com isto dizer, que Cuba já deveria ter tomado outro caminho, que respeite os próprios cidadãos. Infelizmente não consigo vislumbrar esta mudança nem a curto, nem a médio-prazo (espero estar enganado), pois a família Castro parece ter tomado o controlo do poder, afastando qualquer oposição que tente contestar o regime.

Relativamente às reações em Portugal, gostava de deixar duas notas finais: em primeiro lugar não é aceitável que se aprove um voto de pesar cujo conteúdo não corresponde à realidade; seria sim aceitável que se aprovasse um voto de pesar pelo falecimento de um ex-líder de outra nação, e nada mais que isto. Em segundo lugar, julgo que não é correto festejar-se a morte de alguém, independentemente da pessoa, por uma questão ética, mas também porque neste caso é adotar uma posição que veríamos Fidel Castro adotar. 

João Machado

Voltar

Contactos

A voz dos Jovens