Por uma educação europeia
28-01-2017 21:19
Aos 6 anos, quando me apaixonei por uma banda chamada “The Beatles”, fiquei a conhecer e adorar a cultura britânica (os meus pais lembram-se de me ver pintar bandeiras do Reino Unido e colá-las no meu quarto). Uns anos mais tarde, cresci e aprendi na escola que ambos fazíamos parte da União Europeia. Infelizmente, pouco nos explicaram sobre ela. Sobre ela ou sobre política em geral.
Infelizmente, todos os anos saem carradas de jovens do Liceu, em idade de votar, sem fazer a mínima ideia de que pertencem a este projeto, sem perceberem o que isto representa e sem a mínima noção do que se passa à sua volta. É preciso mudar isto! É preciso estarmos conscientes do mundo em que vivemos! É urgente que percebamos por que razão estamos em paz há́ tanto tempo. É urgente falarmos com os nossos pais/tios/avós e perguntarmos-lhes como se vivia e o que mudou. É urgente EDUCAR, pois só́ assim podemos fazer escolhas verdadeiras. Sem conhecimento, as escolhas vão ser sempre infundadas e pouco realistas. É urgente que se incite o debate nas escolas, que se explique que História serve sim para estarmos cientes do que não queremos repetir futuramente e não apenas para passar nos exames. Que Matemática serve para adquirimos um raciocínio lógico que nos permite pensar pela nossa própria cabeça e não apenas para passar nos exames. Que Inglês serve para podermos comunicar e aprender com o resto do mundo e não apenas para passar nos exames. Que Ciências serve para vivermos num planeta sustentável e não apenas para passar nos exames. Faço um apelo a todos nós que podemos mudar alguma coisa. Que nas escolas primárias se façam trabalhos sobre os Estados Membros e se apresentem às turmas, que nas básicas se façam intercâmbios de ideias via skype com outras turmas UE, que nos liceus se dê mais importância a projetos comuns com outros EM em que todos possam aprender o significado do que é ser cidadão da UE. Que utilizem a educação não-formal para motivar as crianças e os jovens!
Digo-vos, foi esta União que me trouxe até onde estou hoje, acabada de sair de uma reunião na delegação da UE a representar o meu país, onde há poucos minutos me encontrava a olhar para o colega da frente, do RU, e partilhava a tristeza com ele e com todos. Depois de ter tido a oportunidade de estudar na Alemanha, de ter vivido com uma italiana e uma albanesa, de ter participado em fóruns de debate, seminários, de ter realizado Serviço Voluntário Europeu, de ter estado um ano na Suécia, de ter vivido com uma rapariga da Estónia, de ter amigos de (mesmo) quase todos os países UE, de ter participado em intercâmbios e formações noutros países UE, de ter estado na delegação Portuguesa no European Youth Event no Parlamento Europeu, de estar agora a viver em Moscovo e estar na Embaixada de Portugal, de ter viajado por mais de 30 países, de ter 7 línguas no CV, de ser mais consciente, de ter a mente mais aberta e, sobretudo, de ter aprendido tanto e de ter conhecido gente tão fantástica durante estes anos... Apraz-me dizer que o devo à União Europeia. Porque sem ela nada disto teria sido possível! Um apelo sincero a que se eduquem jovens mais conscientes que possam discutir deliberadamente e com toda a informação o futuro que querem para eles.