Políticas Pessoais
29-05-2017 17:57

Há uns tempos tive a interessante oportunidade de representar a JS Lisboa na tomada de posse dos órgãos da JP Lisboa. Para além da simpatia e cordialidade com que fui recebido - que anoto sem qualquer ironia -, entre fatos e gravatas de seda, o Largo do Caldas ansiava para ouvir Assunção Cristas falar. Disse-nos que acima de 7 % já era uma vitória. Porquê? Porque teria sido o último resultado do CDS quando concorrera sozinho à cidade de Lisboa.
Já era evidente que as propostas de Cristas, sempre dotadas de uma hipocrisia ou de alguns apagões na memória, não eram mais do que areia para os olhos dos militantes do CDS Lisboa. Cristas já não tenta ludibriar os Lisboetas, a sua grande preocupação é que os seus militantes votem nela e, acreditando ela que estes têm algum senso comum relativamente à função transformadora da política, lembrou-se que teria de fazer propostas, e lá as fez, apressadamente, muitas vezes sem consultar a legislação que ela própria criou. Exemplo paradigmático é o metro de Lisboa. Ficámos a saber que a deputada acha prioritário gastar os milhões, que nunca gastou quando foi governo, no Metro de Lisboa. Ora, eu tenho visitado muitas localidades pelo país fora e embaraçava-me se o meu partido e se o líder do meu partido obliterasse as necessidades do interior, apenas para demonstrar ao seu eleitorado que, como deputada da Assembleia da República, merece o meu voto para a Câmara Municipal de Lisboa.
Logo à partida não merece, porque usou o palco nacional para fazer campanha para as autárquicas e, de seguida, merece ainda menos, pois o seu adversário não é Medina e muito menos Teresa Leal Coelho. O grande adversário de Assunção Cristas é Paulo Portas. Quem se candidata a uma Câmara com a mera ambição de mostrar que é melhor que o anterior, será sempre um candidato fraco que, se for eleito para qualquer cargo, nunca abdicará do seu tempo para lhe acrescentar valor. Cristas não tem o objetivo de melhorar a cidade, por isso a sua realização ou o seu falhanço pessoal ficarão consumados no fim da contagem dos votos. Daí para a frente, quando entra o trabalho, o CDS e Assunção Cristas já não serão chamados a exercer o que tanto apregoam: a verdadeira política, as propostas sinceras, a preocupação pública. Será que este partido é mesmo o que apregoa ser?
Em Lisboa, Assunção Cristas candidata-se para provar que é melhor que Portas. É a síndrome de inferioridade, é esta cega insegurança que empurra a líder do CDS para umas eleições que não quer ganhar e muito menos contribuir para o futuro da cidade.