Operação Marquês: Será o fim ?

08-02-2017 19:56

Já são 42 meses  desde o início da Operação Marquês.  A 20 de novembro de 2014 começaram as suas primeiras detenções, começando por José Perna  ex-motorista do antigo primeiro-ministro, de seguida, Carlos Alexandre Silva  amigo do Engº José Sócrates e ex-administrador do grupo Lena. Só no dia seguinte é que o ex-primeiro-ministro foi detido na chegada ao aeroporto Humberto Delgado, vindo da capital francessa, no âmbito de um processo de suspeitas de branqueamento de capitais, corrupção e fraude fiscal. Estando em prisão preventiva  durante 288 dias, sem ser ouvido e ainda esteve preso 42 dias em prisão domiciliária. Esta investigação já conta com mais de 20 arguidos tendo como destaque Armando Vara, ex-ministro, Paulo Lalanda e Castro , administrador da Octapharma, Hélder Bataglia, administrador da ESCOM  e Ricardo Salagado ex-presidente do BES.

No início desta investigação foram ouvidas mais de 20 testemunhas, analisados mais de cinco milhões de ficheiros informáticos e lidos e relidos mais de mil documentos.        

Passados 42 meses, a grande questão é se os prazos para o fim da investigação serão cumpridos?

O primeiro desenlace surge com os favorecimentos ao Grupo Lena - enquanto o Sócrates exercia funções de Primeiro-Ministro entre 2005 a 2011, favorecendo o Grupo Lena em grandes  projetos  desde  aeroportos e  passando pelo TGV. E as provas?

O segundo desenlace estava relacionado com o Vale do Lobo e novamente um favorecimento a este empreendimento com a aprovação do Plano Regional do Ordenamento do Território  do Algarve, mais conhecido por PROTAL. Então e as provas ?

O terceiro desenlace estava relacionado com a Oferta Pública de Aquisição da Sonae à Portugal Telecom , novamente com esquemas fraudulentos que põem em causa a credebilidade da Caixa Geral de Depósitos. Onde estão as provas ?

O quarto desenlace e último (pelo menos para já) está relacionado com Ricardo Salgado,o BES e novamente o Grupo Lena na pessoa de Carlos Alexandre Silva amigo do Engº José Sócrates.Desta vez o caso é diferente, pois Helder Bataglia denuncia pagamentos do ex-presidente do BES ao amigo de Sócrates no valor total de 12 milhões de euros vindos do “saco azul” do Grupo Espírito Santo.

Qual o porquê de Helder Bataglia, arguido na Operação Marquês, presumindo que as suas declarações são verdadeiras e honestas na base da reposição da Justiça, ele e o seu advogado Rui Patrício puseram em causa a possível questão de ter feito um acordo com o Ministério Público para incriminar Ricardo Salgado que só agora é que está ligado à investigação.

Porque razão só agora é que chega Bataglia, às luzes da ribalta se o caso já dura há 42 meses e ele que é um dos principais arguidos desde o início da investigação?

Porquê  e  para quê  é que o Engº José Sócrates esteve preso na cadeia de Évora durante 9 meses seguidos se “todas” as possíveis provas estavam relacionadas com Ricardo Salgado e o GES ?

Porquê é  que os portugueses estiveram a ser bombardeados por constantes fugas de informação  e por suspeitas atrás de suspeitas durante 42 meses ?

O que é feito do Panama Papers, onde aparecia o nome de Sócrates e todas as suspeitas dos esquemas fraudulentos ? Desapareceram ?

Do que é realmente acusado o Engº José Sócrates?

Haverá provas ? Serão suficientes para incriminar ? Serão plausíveis ou credíveis ?

Quando é que acaba este Reality Show judicial ?

Esta investigação não tem beneficiado a imagem de Portugal nem a nossa “Justiça” demonstrando ser corrumpível  por valores monetários e por cores políticas.  

O Ministério Público e toda a equipa do Juíz Carlos Alexandre, ainda têm muitas respostas para dar até ao fim da Operação Marquês.

Para ser sincero, ainda acredito no nosso sistema judicial, apesar de ele mostrar que não vale a pena, pois é lento, antigo e com bastantes “limitações” e  com alguns contornos de caráter político e a Operação Marquês é exemplo disso mesmo.

 

Manuel de Castro Coellho

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