Mensagem à nação francesa

07-10-2016 18:43

Foste fundada em 843, quando Carlos Magno dividiu o seu império pelos seus netos, sendo assim um dos países mais antigos da Europa e do Mundo. Desde então, a tua história está repleta de grandiosos feitos e gloriosas personagens. Foste a inspiradora de grande parte da cultura europeia. Existe, contudo, um momento na tua história que destaco. Quando em 1789 deste uma lição de democracia ao mundo. Nessa revolução, mostraste à velha Europa que nem tudo tinha de ser assim. Que era possível mudar. Mostraste que o povo deve ter uma palavra sobre quem o governa. Mostraste que todos os homens nascem iguais em direitos. Mostraste aos franceses que deviam ter orgulho em pertencer a esta nação. Mas, acima de tudo, mostraste que somos livres, iguais e fraternos. Foste tu, secular França, quem lançou as bases desta moderna Europa, deste-nos a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade. E essa é uma dívida que nunca conseguiremos pagar!

Foi assim, com grande pesar, que ontem vi a "Mãe da Liberdade" sofrer um dos atentados mais bárbaros que o ocidente tem memória. A nação da Liberdade, Igualdade e Fraternidade é agora a nação da barbaridade, crueldade e desumanidade. Não se trata somente do número de mortos, do número de feridos ou da destruição inerente, trata-se sobretudo da cobardia com que estes actos foram feitos. Atirar sobre transeuntes, sobre adeptos de futebol e sobre o público de um concerto musical é próprio de quem faz do ódio a sua razão de viver!

Este foi um ataque a tudo o que é nosso, a tudo o que é europeu. Os atentados durante o jogo de futebol, esse desporto que a Europa tanto aprecia, durante o concerto, outro passatempo tão comum na moderna Europa, e sobre as pessoas nos cafés, representam bem o objectivo destes terroristas. Afastar-nos daquilo que mais gostamos, daquilo que tão frequentemente fazemos e que chamamos de cultura de massas.

No entanto, cara França, eles não conseguirão! Não conseguirão arruinar aquilo que durante tantos anos de história nós, europeus, construímos. Nunca conseguirão apagar da história o contributo da Europa. Nunca conseguirão erradicar aqueles que professam outras religiões ou até mesmo aqueles que escolhem não professar nenhuma. Nunca conseguirão impor a todas as mulheres que andem de burca. Nunca conseguirão destruir os direitos pelos quais lutámos durante tantos séculos.

Esta civilização que eles querem calar, enganam-se, não calarão. Por mais europeus que matem, por mais monumentos que destruam, por mais bombas que coloquem, por mais que nos hostilizem, nós havemos de mostrar que foi em França que nasceu a liberdade e é ela que continuará a ser o baluarte dos princípios que todos amamos, a nossa liberdade, a nossa igualdade e a nossa fraternidade.

França, não baixes a cabeça contra a tirania do terror, levanta antes a tua ensanguentada bandeira tal como o teu hino te impele. “Contra toda a tirania, o estandarte ensanguentado se ergueu” (La Marseillaise).

 

 

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