Da nossa formação não desistimos!

05-11-2016 20:38

A educação é a chave para a evolução, qualidade de vida e crescimento. Cada vez mais prova ser o reflexo do desenvolvimento de um país e, felizmente, esta tem sido uma verdade cada vez mais incontestável. Sabemos que com uma caneta, um caderno e um professor somos capazes de mais e melhor. Nelson Mandela afirmava que “A educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É através dela que a filha de um camponês se torna médica, que o filho de um mineiro pode chegar a chefe de mina e que um filho de trabalhadores rurais pode chegar a presidente de uma grande nação.”

Apostar na formação académica dos nossos jovens é imprescindível para fazer face a uma economia internacional e altamente competitiva, garantir igualdade de oportunidades, assim como um futuro próspero. Seria, inclusivamente, um desrespeito pela nossa espécie, não fazer uso do inacabamento do nosso cérebro que nos deixa tão disponíveis ao progresso.

Entramos para a escola com a mente a borbulhar de ideias, sonhos e aspirações. Conhecemos o difícil e ouvimos frequentemente que nada que valha a pena é fácil, contudo, desconhecemos a palavra “impossível”.

Chegamos ao primeiro dia de aulas com a sensação de que nos deparamos com uma longa jornada na procura do sucesso. Ao entrarmos na sala de aula, esperamos encontrar alguém que dali para a frente nos ensine sabiamente os diversos módulos do programa curricular e nos prepare devidamente para os exames nacionais. Mas, inevitavelmente, aspiramos também por um professor que nos ensine a desenvolver o nosso espírito crítico e de trabalho autónomo.

Queremos pensar por nós e para nós. Queremos que nos incentivem a questionar, a procurar explicações. Precisamos disso. Queremos encontrar um professor que nos demonstre a infinidade de possibilidades que existem no mundo. Sonhamos e desejamos tudo isto, mas sentimos o árduo peso da pressão sobre os nossos juvenis ombros. Ouvimos que o futuro da nação depende de nós. Queremos alterar o paradigma. Honrar o nosso país! Mas somos altamente limitados... Não nos permitem fazer dele aquilo que ambicionamos.

Chegamos ao ensino primário barras de madeira, ao invés de sermos ensinados a esculpir-nos belas obras de arte, recebemos, na maioria dos casos, ferramentas e lições para sermos esculturas pouco diferentes de as de todos os outros. Ao longo do nosso percurso escolar moldam-nos para sermos aquilo que esperam de nós. Moldam-nos para que cumpramos com metas que os adultos de hoje desejam para um país que já não será seu dentro de algum tempo. Não nos permitem questionar o que nos ensinam nem a forma como o fazem.Enquanto esperam por empreendedores e criativos, compelem-nos a seguir as restritas linhas orientadores que escolhem para nós.

Somos uma geração sedenta por gritar as nossas capacidades e com vontade de mostrar que recusamos rótulos que denigrem a nossa imagem. Fazem-nos crer na necessidade de seguir a maré, o rebanho. Mesmo que não seja essa a nossa vontade. Fazem-nos acreditar no impossível e cortam-nos as pernas, asas, barbatanas e afins.

O que se esquecem de nos dizer, é que no mercado de trabalho, precisaremos dessas pernas, asas, barbatanas e afins! Esquecem-se de nos alertar que a única maneira de nos distinguirmos da nossa concorrência é pela diferença. Trabalhando pela excelência e procurando ir mais além do que todos os nossos colegas.

“É por isso que se mandam crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de se pôr em prática as suas ideias.” Palavras sábias de Kant.Muitos dos que nos permitem dar asas às nossas dúvidas e questões,arrependem-se. Rapidamente sentem que um tapete lhes foi puxado por debaixo dos pés  assim como a sua autoridade intelectual posta em causa. Tremem quando se apercebem que podem não saber responder a uma questão. O medo de ter uma turma que os leve à loucura, tal é a exigência das perguntas, leva-os a tomar medidas drásticas. A inteligência, capacidade de raciocínio e perspicácia são encarados como inconvenientes e esforçam-se por nos controlar enquanto podem.

A falta de interesse é nos atirada à cara com força. Apesar de sermos uma geração acusada de falta de cultura, as perguntas fora da matéria extinguem-se. Um braço no ar mais curioso deixa de ser respondido se o professor souber que a pergunta que dali vem exigirá mais dele do que aquilo que este pode ou consegue dar.

Urge uma mudança do sistema em sala de aula.Precisamos de formar professores que orientem e guiem os  seus alunos, mas que mais importante ainda, abram caminho e concedam espaço para que estes sigam a sua jornada e tracem o seu percurso sozinhos. Precisamos de formar professores que eduquem, não formatem. Que ensinem os programas curriculares abrindo espaço para o diálogo e debate. Que fomentem a autonomia e estimulem a capacidade crítica que cada aluno deve e necessita de desenvolver no seu futuro.  Que não incuta e injecte a sua opinião como  uma verdade incontestável mas que antes arme os seus alunos de meios para que estes formem a sua própria opinião.

Talvez seja este um tema já muito abordado. Talvez já muitos tenham tentado focar esta preocupação. O certo é que “gira o disco e toca o mesmo”. O baile continua. Por nós, a persistência na mudança continuará também!

Eva Brás Pinho 

Voltar

Contactos

A voz dos Jovens