Associativismo Jovem - Pedra basilar da nossa experiência académica

18-12-2016 21:30

Da autoria de : José Maria Couceiro da Costa

O associativismo jovem constitui uma das mais importantes pedras basilares da nossa experiência académica. Os dois ou três dias de campanha são giros e divertidos (não pagamos o café a meio da manhã durante largos dias) no entanto, segue-nos o mandato e poucas pessoas com ele. As assembleias nunca preenchem o quórum e o futuro dos estudantes fica reservado a uma cúpula de pessoas. O associativismo jovem actualmente começa e acaba no período eleitoral.

                O problema encontra-se no paradigma instalado nas camadas jovens da sociedade: o desinteresse. É o típico “não sei, nem quero saber” que se vai perpetuando ao longo de gerações estudantis. Isto não é nada mais nada menos que um reflexo do processo educacional, tanto na vertente familiar como na académica, que se começou no pós 25 de Abril, que se consumou com a entrada na Europa e que se vai arrastando pelos anéis do tempo que lentamente nos levou ao relativizar os diferentes processos de tomada de decisão. Foi tudo ao mesmo tempo: uma perda da soberania nacional e uma perda da soberania do pensamento (ninguém ousa pensar diferente de Bruxelas). Os bebés do final do século são gerados e criados para ser técnicos. Técnicos de contas, técnicos de obras, técnicos da lei, técnicos da administração… já não se olham para os jovens como uma futura incubadora de conhecimento e como corpo difusor desse mesmo. O diploma tornou-se mais importante que o desenvolvimento íntegro do Homem, mas o diploma se não for acompanhado por esse processo é só papel. E o papel é material de combustão fácil, altamente inflamável, que rapidamente cederá a qualquer tipo de pressão: seja no processo laboral, ou, seja no processo de condução de política nacional – abrindo brecha à demagogia. O travão desta espiral é a educação.

                Quando entramos na faculdade, o pressuposto deveria ser o sonho dotsunami de conhecimento que nos vai abalroar. Não o é. O desinteresse assola-nos a alma, ele faz parte da nossa génese. A transmissão de conhecimento e o debate de ideias é o mais valioso bem que a faculdade nos pode dar. O papel das Associações de Estudantes é mesmo esse, o de impelir o corpo estudantil à proactividade cerebral, mas elas, as Associações, precisam de uma vontade anteriormente criada. Urge a necessidade de mudança para não perdermos a luta contra o vácuo de ideias e ideais. As grandes revoluções começam sempre pela indomabílidade do jovem estudante universitário, e, a mudança está em curso do mundo agora temos de ser nós jovens a lutar pelos moldes dela. Quando o paradigma vivido no seio do ensino superior mudar, quando o jovem humano deixar de ser um técnico e um burocrata (a maior importação que fizemos da Europa) e passar a ser um jovem com capacidade de ver “outside of the box” aí, o modus vivendi social também mudará e iremos almejar a verdadeira saída crise, porque a verdadeira resposta à crise está na educação. As verdadeiras reformas estruturais terão de ser as de cá de dentro. Um estudante nunca se verga, um estudante não amolece. “E à nossa pequena escala, da nossa forma ridícula, vamos mudar o (nosso) mundo”.

 

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