Alt-Left também existe…
12-06-2017 21:33

Há consideravelmente pouco tempo, surgiu um movimento dentro da direita política, conhecido como “direita alternativa” (ou, em inglês, “alt-right”). Basicamente, podemos afirmar que as pessoas que se revêem no “alt-right” são os novos “rednecks”. Se quisermos, são os “rednecks” das redes sociais. A alt-right tem-se vindo a desenvolver e a crescer, enquanto movimento ultra-conservador. É um movimento que vai em busca das suas bases, através de simples “tweets”, “memes” e vídeos compreensíveis de dois minutos. Desta maneira é fácil perceber política. O seu maior ideólogo é Milo Yannopoulos, um jornalista e escritor, greco-britânico, católico e homossexual. É muito criticado pelo seu extremismo em relação ao feminismo, ao socialismo, para com a elite política e em relação ao politicamente correcto. Saliento que concordo com alguns dos seus pontos de vista, mas repudio a sua atitude e o quão baixo ele consegue ir no debate político. A alt-right à partida, justamente pela sua imagem de marca e devido à cultura do politicamente correcto, acaba por ter uma conotação negativa e até já foi classificada como um suicídio para a direita.
Em Portugal, não existe esse problema, existe outro que passa despercebido: a esquerda alternativa. A alt-left já havia surgido na Escola de Frankfurt, quando os ideólogos marxistas do período entre as duas guerras pensaram em generalizar o marxismo, numa luta entre maiorias e minorias. As maiorias eram consideradas como sendo forças opressoras, e as minorias, como oprimidas. Surge então o Marxismo Cultural, defendido por Antonio Gramsci no início do século XX. Este autor desenvolveu vários trabalhos sobre os processos de aculturação dos povos e sobre as hegemonias culturais. É na obra de Antonio Gramsci que a nova esquerda vai beber muito da sua mediocridade. Temos pensadores mais contemporâneos nesta área, tais como Herbert Marcuse, Judith Butler e Isabel Moreira e Fernanda Câncio, estas duas últimas penso que devem ser as mais conhecidas entre os portugueses.
Para a Alt-left, toda a religião, raça e condição social deve ser questionada. Portanto, é uma hipocrisia as esquerdas alternativas quererem derrubar estas classificações, quando fazem delas um assunto para ferir susceptibilidades e para chocar os demais, com as suas demonstrações de apoio ou de repugnância. Por exemplo, são contra a Dignidade Humana, na medida que são capazes de ser contra o abate animal, mas a favor do abate de vidas embrionárias. São novos nazis e novos comunistas, na medida em que planeiam um controlo estatal exacerbado que não deixa espaço de manobra ao “capitalismo opressor dos mercados e das PMEs”. São contra a discriminação do ser humano com base no género: não levam em consideração o facto de termos cromossomas XX ou XY (ainda que tal esteja cientificamente comprovado). Ao pretenderem derrubar os sexos, não resolveram o problema da identidade, só o complexificaram, por terem criado inúmeros géneros para todos os desejos e feitios. E sobretudo não são amantes da liberdade, tendo em conta que querem condicionar o discurso político conservador e neo-liberal , por um politicamente correcto, semelhantemente como Mao Tse-Tung fazia. A palavra “progresso”, na acepção em que a apadrinham, é, do meu ponto de vista, sinónimo de anarquia social. Os valores judaico-cristãos estão ameaçados, há que não esquecer que esses valores deram origem aos valores da liberdade e da solidariedade, da família e da dignidade humana no Ocidente.
A esquerda tem de manter o nível de debate político, evitando render-se a caprichos culturais, que estão a fazê-la entregar-se a uma progressiva “youtubilização” da política. A Alt-right é uma resposta quase justificada à Alt-left. A esquerda está em perigo. Esta nova esquerda rende-se a simplificar o discurso político através de provocações aos sectores conservadores da sociedade. Troçam de Jesus com cartazes sem qualquer tipo de alusão a soluções políticas. Este populismo do Podemos de Iglésias, do Bloco de Esquerda de Martins e de Mortágua é o cancro da esquerda. Infelizmente este cancro não está em falta no nosso Portugal. Assim se verificou aquando do cancelamento da conferência de Jaime Nogueira Pinto, na FCSH. Como já mencionei, outra manifestação desse cancro político foi o lançamento do cartaz (que não viu a luz do dia ao ficar pelas redes sociais) alusivo á co-adopção, mas ao mesmo tempo um ataque ao sector católico português. Dizem os “peritos” que vemos nos espaços de discussão destes temas fulcrais na comunicação-social portuguesa, que em Portugal o populismo não está vivo, ao contrário daquilo que se passa nos Estados Unidos da América e no resto da Europa. Porém refutando esta premissa, sinto-me na obrigação de informar que estes “peritos” admiram muito os camaleões populistas portugueses, que se encontram no espaço político da extrema-esquerda anti-ocidental, estes populistas possuem assento parlamentar, são o Bloco de Esquerda. Catarina Martins é a grande referencia populista em Portugal, semelhantemente a Pablo Iglesias em Espanha, a Matteo Salvini e Beppe Grillo na Itália, a Marine LePen em França, a Trump nos EUA, a Frauk Petry na Alemanha, a Greet Wilders nos Países Baixos, etc. Catarina Martins e Mariana Mortágua são populistas perigosas á salvaguarda da democracia portuguesa. A sociedade civil em Portugal tem que entender que o Bloco de Esquerda é essencialmente uma força populista significativa em Portugal.
Claro que a alt-left também é mais sedutora, na medida que é mais fácil fazer parte de uma rebelião hasteando a bandeira arco-íris e a vandalizar igrejas, do que ser um conservador, ou até um socialista moderado do estilo escandinavo.
Tanto a alt-left, como a alt-right são populismos que arruínam os espaços políticos onde se querem inserir, seja na esquerda ou na direita. Enquanto democrata-cristão e conservador não estou em conformidade com a minha família política, quando sei que ela está a ser alienada por aquele tipo de discurso. Espero que os meus amigos socialistas também pensem assim em relação ao alt-left. Mas como disse, para já não existe o problema da alt-right em Portugal, pelo menos em moldes significativos. A esquerda portuguesa tem a obrigação de perceber que o populismo da alt-left em Portugal é crescente e é perigoso para o establishment da esquerda portuguesa. Assim se verifica em algumas alas do PS, nomeadamente no sector da JS. Vejo-os a dormir em relação a essa ameaça. Esta nova esquerda do Bloco, não é a esquerda domesticada do PCP, é uma esquerda vadia que está a nascer nas ruas e cada vez mais capta a atenção do eleitorado jovem urbano.
É necessário que os jovens não se seduzam por este tipo de espaço político alternativo, de modo a garantir que este cancro populista, não torne a ameaçar a pureza do debate pluralista e democrático.