Adeus Mário Soares
10-01-2017 19:31
Gostaria de começar com uma frase de Pascal : "O prazer dos grandes homens consiste em poder tornar os outros felizes”. Mário Soares conseguiu tornar um povo que vivia sob uma ditadura salazarista que parecia não ter fim, num povo livre e feliz. Esta é, na minha opinião, a frase que resume a vida de Mário Soares! Graças a Soares, hoje vivemos num Portugal livre.
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu a 7 de dezembro de 1924 em Lisboa, filho de Elisa Nobre Soares e de João Lopes Soares.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Lisboa em 1951 e passados 6 anos, licenciou-se em Direito na mesma universidade. Exerceu advocacia durante muitos anos, sendo, talvez, o caso mais emblemático, o da sua representação da família de Humberto Delgado na investigação do seu alegado assassinato.
Era um homem dotado de uma enorme determinação e coragem, como podémos observar pela sua forte oposição à ditadura salazarista. Foi preso 12 vezes, deportado sem julgamento para a ilha de São Tomé e, mais tarde, no governo de Marcelo Caetano, foi permitido o exílio em França.
No dia 19 de abril de 1973 ainda exilado, funda o Partido Socialista.
A 28 de Abril de 1974, ou seja, 3 dias depois da revolução, Mário Soares regressa a Portugal no “Comboio da Liberdade”.
Depois de 1974, foi Ministro, 3 vezes Primeiro-Ministro, deputado europeu e cumpriu dois mandatos como Presidente da República. Posto isto, nenhuma figura é tão marcante como Mário Soares. Ganhou e perdeu eleições, mas nunca desistiu de dar o seu grande contributo ao serviço de Portugal. Dizia Mário Soares, só é derrotado quem desiste de lutar.
Devemos-lhe ainda a adesão à Comunidade Europeia, trazendo assim um desenvolvimento importantíssimo para o futuro de Portugal. Devemos, igualmente, a Liberdade, a Democracia, a Paz, Solidariedade, Igualdade e Justiça, valores pelos quais sempre lutou.
Para terminar deixo um poema de Joaquim Namorado:
PROMETEU
Abafai meus gritos com mordaças,
maior será a minha ânsia de gritá-los!
Amarrai meus pulsos com grilhões,
maior será minha ânsia de quebrá-los!
Rasgai a minha carne!
Triturai os meus ossos!
O meu sangue será a minha bandeira
e meus ossos o cimento duma outra humanidade.
Que aqui ninguém se entrega
- isto é vencer ou morrer -
é na vida que se perde
que há mais ânsia de viver!
OBRIGADO MÁRIO SOARES!
Da autoria de Manuel de Castro Coelho