A música e a sociedade

12-12-2016 20:26

 
“A música é celeste, de natureza divina e tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição.” Aristóteles 
 
A música é uma linguagem, universal a todas as culturas, universal a todas as regiões, universal a todos os homens. Acompanha a pessoa desde a concepção à morte. Nos dias de hoje, é uma constante, seja no rádio ou televisão. Influencia o nosso humor, dita as nossas emoções. A música define a vida e, na minha opinião, pode também influenciar uma sociedade e contribuir para um maior espírito comunitário entre cidadãos. 
 
Nos países nórdicos, bem colocados nos índices de felicidade e qualidade de vida, as crianças cantam juntas desde cedo na escola, o que pode parecer irrelevante, mas esta atividade em grupo cria um sentido harmonioso de comunidade o que creio  que venha a contribuir para as suas sociedades tipicamente ordeiras e organizadas.. De facto, cantar em grupo desenvolve as capacidades de trabalho em equipa, incutem na criança uma maior atenção pelos que o rodeiam. Ora, os pequenos portugueses também cantam, ( e enfatizo a importância da música tradicional ), mas tal como é saudável a atividade física é também saudável e fundamental um espaço dedicado a esse meio de transcendência da condição humana que é a música. São necessárias aulas de música. Claro que muitas escolas têm aulas de música mas uma hora mal aproveitada preenchida com duelos de flauta de bisel de plástico não deve ser considerada uma aula. Duas horas semanais são suficientes para incutir um sentido de musicalidade e proporcionar um crescimento mais culto às crianças, mas devem ser tão importantes como português ou matemática. 
 
Efetivamente, não só a música é uma constante fundamental no quotidiano como pode ter uma influência enorme no desenvolvimento do jovem. Vejamos o exemplo de concertos do Justin Bieber, que movem multidões de adolescentes, quais legiões seguindo o seu general. Tal nível de devoção a uma figura, (exagerado ou não), revela o poder da indústria musical. Não é raro os fãs adotarem certas idiossincrasias dos seus ídolos, o que considero normal mas esta tão grande influência pode ser prejudicial, pode resultar na opressão do sentido de individualidade, esta massificação da música deixa-nos a pensar, a sentir, de forma igual. Como tal, a diversidade é crucial.
 
Não considero nenhum tipo de música superior, embora existam géneros mais complexos que outros. Assim, não posso deixar de referir o jazz ou a música clássica, tão subvalorizados hoje em dia. Não “custa nada” habituar os pequeninos a ouvir este tipo de música e os benefícios são inúmeros. É a garantia de uma mente mais aberta, de uma maior capacidade perante estímulos diferentes. A pessoa completa deve deliciar-se com uma ária de Bach e cantar ao bom som dos Xutos. Os peritos enfatizam os benefícios da música clássica afirmando que as crianças que a escutam regularmente ficam mais calmas. Eu não concordo. Acredito que uma criança deve correr e saltar e espero que dance ao ouvir uma música, que questione o que está a ouvir, não que ouça placidamente sem reação. Mas que oiça coisas diferentes, fugindo ao pop que nos é impingido diariamente, fugindo ao comum. Mais uma vez, não tenciono transformar todos os jovens em meninos de coro, mas em seres humanos completos, que saibam apreciar tanto uma boa música como um bom jogo de futebol. 
 
Acredito que a música pode ajudar a criar bons, grandes, cidadãos, que se preocupem com o que os rodeia, que saibam ver beleza num pequeno pássaro e numa pequena flor, como numa melodia que nos rodeia, que cantamos juntos para a imortalidade, numa sociedade mais unida. Acabo com uma referência ao nosso hino nacional – supremo canto. O hino é o melhor exemplo de como a música transcende as palavras, transmite o imutável e nos une, de uma forma quase sobrenatural, como se através das nossas vozes cantassem os nosso egrégios avós promessas de glória. Possamos criar uma nação onde cantamos afinadamente o nosso hino, juntos como um só.
 

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